sábado, 27 de agosto de 2016

Dorme, Santo, o Pequenino





Silêncio,
Que o crepúsculo
Vai cantar
Uma canção de ninar
Ao Sol menino
 Adormece o pequenino
No colo da noite
Cor de basalto
E logo, lá no alto
O céu dourado
Tão de ternura, corado
De olhar pregado
Na cena imaculada
Apaga a luz
E acende as estrelas...

E não é que,
No sonho do menino,
(dorme, santo, o pequenino)
Jorram de um flautim
As promessas de cetim

De todas as auroras que hão-de vir !

(Carmen Cupido)

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Grão de Ninguém



Olho a simplicidade da flor silvestre
do alto da sua singeleza desconcertante.
Herdou o porte primoroso da Mãe gestante
Que pariu, esventrada, tal beleza ilustre.

Num sopro, aos quatro ventos, lançada
raizes com asas, nasceu do nada.
Um grão de ninguém que no solo se ateia
A pincelar os campos que ninguém semeia.

Ela é fruto, é luz, é flor
do suspiro profundo, da carícia de amor
do sol sobre o ventre da Terra
a emprenhar de vida num secreto tremor

Ó que esplendor; Ó que esplendor!

(Carmen Cupido)