Carmen Cupido
Um diminuto berço me recolhe onde a palavra se elide na matéria, na metáfora, necessária, e leve, a cada um onde se ecoa e resvala (Luiza Neto Jorge)
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Coisas da vida e mais além
(Vénus, Foto de Paulo Madeira olhares.com)
Por entre frinchas de terra e céu
Arrancarei à Morte seu véu
Ver-te-ei então e sorrirei
E com os meus olhos postos no teu rosto de eternidade
Todo o tempo do mundo caberá num grão de perenidade
Falaremos, muito! Ai se falaremos...
Sobre tudo e sobre nada
Sobre as coisas da vida e mais além
E as nossas mãos serão asas, palavras a sobrevoar
As velhas feridas que procuramos sarar
Remos, remos a remar
No líquido sereno que o instante contém
E assim, de corpo e alma abandonadas
Entre duas dimensões deitadas
A partida não mais dói nas nossas vozes cruzadas
Porque os anjos e as fadas
Com um sopro quente, sopram doce docemente
E a ferida já dormente
Por fim cala!
(Carmen Cupido)
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Palavra oca
(Hole, foto de Paulo S. Olhares.com)
Palavra oca
Cuspida à toa
Da vil boca
Nunca toca
O centro
Da atenção
Nem muito menos
O fundo
Da questão
Não é pergunta
É afirmação
É rotundo
O buraco
Fura, fura
Dura
O bate-papo
De encher saco
Tanto, tanto
Que até o ouvido
Queima, arde
Com tal zumbido
É o discurso do tolo, do torto
Que tarde ou nunca se endireita
Ao espelho, é narciso que se ajeita
Sempre colado, absorto
Aos próprios lábios, porém pouco sábios…
Mas isso, ele não sabe!
(Carmen Cupido)
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