sábado, 30 de abril de 2011

Vejo o cravo perder o jeito

























Ainda não o sei
Mas sem ti, vou morta
Para onde, nem sei
Quando tu te foste
E eu fiquei ; E eu fiquei… 


Olho, por dentro, o peito
E pouco a pouco, pouco a pouco
Vejo o cravo perder o jeito
De amar a chuva e o sol já rouco
Calar seus raios

Caio na escuridão
Que me ensina a engolir
Os caroços de negridão
Como pedaços de pão
Que me dão vida
À força!

Mas este pão não me sacia
Ando, de entranhas, vazia
E a luz já ténue e esguia
A minha alma desfia
Fio a fio, fio a fio

E até a minha boca
Se traja de silêncio
De tanto cuspir
Os gritos que gritei
Quando tu te foste

E eu fiquei ; E eu fiquei.

(Carmen Cupido)

domingo, 17 de abril de 2011

Perguntas





















Quem se levanta
E não mais se arrasta
E grita a palavra
Basta?

Quem clava
O derradeiro prego
Pancada
No ego
Pedrada
Nos podres
Da mente
Dos Ogres
Com língua
De serpente
Que ferram, fundo
O dente
Na garganta do Mundo?

Ai Deus, quem trava
O canino que se afunda
E o sangue que jorra, abunda?

Quem se levanta
E não mais se arrasta
E grita a palavra
Basta?

(Carmen Cupido)