segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Eis o Mistério Outonal


Eis o mistério outonal,

Esses dias onde cai bruma
Como quem cai chuva
Para apagar, quem sabe
Os vastos fogos de cores
Que brotam no lugar das flores
Pálidos, todos os verdes, amarelecem
E até as papoilas se calam nos campos e desfalecem...

Lá do fundo da floresta já meio despida
Ecoa um ultimo fado de despedida
Do bico do pisco de rubro peito
Chilreio, em saudades, liquefeito
Canto órfão de sol de verão
A cair no lusco-fusco de um serão
Onde o ogre inverno
Entoando seu opus frio e terno
Envolve a terra com seu glacial manto

Porém, olh'ó espanto
Sentado, languidamente, na embaladeira
Num vai-e-vem junto à lareira
Já o sonho nascituro se sonha prematuro
Botão de primavera em flor !

(Carmen Cupido)