Dar Corpus ao poema,
Com o meu corpo inteiro.
Espreitar as entranhas do que sou,
Sem venda nos olhos das palavras.
Parir filhos que nascem sem pedir licença.
Sem perguntar porquê, para quê.
São, existem e ponto.
Big Bang de sarrabiscos
Que se creem sonhos de luz,
A atravessar o túnel uterino da poetisa.
Vão apressados, arrancar mundos
Ao buraco negro da alma.
Pedaços de verdade, que em forma de mentira,
Deslizam sabe-se lá de onde para o bico estreito da Pena.
Murmúrios de amor, talvez desamor, a queimarem
Os dedos de quem toca a pele do corpo do poema.
Pousar o ouvido no peito da saudade
Quando esta maldiz a ausência,
Atirando-lhe mil blasfémias à cara.
Flor de Carme que desabrocha, porque sim.
Suas raízes esburacando por dentro
A carne que toma por terra.
(Carmen Cupido)
o corpus do poema é a palavra emplumada em carne,
ResponderEliminarbeijo