terça-feira, 10 de maio de 2022

A Hora Suspendida



Nos meus dedos

Sonhos e segredos a fluir

E espátulas a esculpir

Sóis, luas e estrelas

No alto da minha tela

 

E a cada vez

Pressinto que o céu

Rasga o seu véu

Espargindo cores

Aclamando amores

E talvez ninando dores

No berço que eu lhes dou

 

Vejo mundos variados

Alçar-se de fundos esmaiados

E dentre os fios entretecidos

Do algodão cru imaculado

Seres inertes, inanimados

Correm fruir da vida

Na hora suspendida

Em que lhes sinto o coração

Pulsar na cova da minha mão

 

Tudo isto me vem não sei de onde

Nem sei em que lugar de mim se esconde

Eu não sou nada nem ninguém

Apenas o instrumento de passagem

Entre uma e a outra margem!

 

(Carmen Cupido)