Nesta longa espera
Fiz-me sombra do que era
E as vozes no meu coração
Levantam apenas lamentos de antão
É cor de fogo o horizonte
Que tenho por defronte
E a saudade é uma fonte
Onde eu ondeio, vazia, mas plena de ti
É fervente a tua ausência
Deserto esbraseante que dita a iminência
Da morte das flores que me plantaste no peito
A raiz de ti aferra-se-me à alma
E o meu penar não mais se acalma
Mil vezes puxei, mil vezes cavei, fundo, ao seu redor
E quanto mais fundo, mais dor; quanto mais fundo, mais dor
Caminho, pois, com os teus olhos cravados
Nos confins da minha memória
A declamar, sem cessar, a estória
De um amor malnascido, mal erguido por terra tombado
Ainda nem sequer vivi e a noite já aí vem
E nem sei que força me sustém
No beiral da vida, onde me sinto perdida
De asa partida; sem ti a meu lado!
(Carmen Cupido)
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