segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Ao Zénite do Poema



Com o passar do tempo
Afoga-se-me a voz
Eu sei
Num mar de silêncio
E a palavra em cio
Perde o pio
Quando vê
O estridente sentimento
Arrastado pelo vento
Ir cair
Num deserto 
De ocos ecos
Onde as raízes ressequidas
Dos meus versos
Já não têm a força
De esticar o caule
E erguer a flor 
Ao zénite do poema

Porém,
Não temo o silêncio
Nem seu mudo reinado
Pois, por detrás
Dos meus lábios apertados
Se espreito
(Quando o escuro bate)
Bem no fundo
Do meu peito
Vejo estrelas a cintilar
E se eu me calar,
Ouvi-las-ei suspirar
Mil cantos rubros
Que eu ainda te hei de contar, meu amor!

(Carmen Cupido)


 

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