segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Palavra oca


(Hole, foto de Paulo S. Olhares.com)

Palavra oca
Cuspida à toa
Da vil boca
Nunca toca
O centro
Da atenção
Nem muito menos
O fundo
Da questão
Não é pergunta
É afirmação
É rotundo
O buraco
Fura, fura
Dura
O bate-papo
De encher saco
Tanto, tanto
Que até o ouvido
Queima, arde
Com tal zumbido
É o discurso do tolo, do torto
Que tarde ou nunca se endireita
Ao espelho, é narciso que se ajeita
Sempre colado, absorto
Aos próprios lábios, porém pouco sábios…

Mas isso, ele não sabe!

(Carmen Cupido)

4 comentários:

  1. Olá Carmen,
    Tanta palavra oca...
    A queimar no ouvido...
    Fingem-se sábios, vestidos de palavras ocas...
    Mas os sábios não dizem o que sabem, e os tolos não sabem o que dizem...

    Bjs do lado de cá dos Alpes

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  2. Minha querida Carmen
    Adorei o poema...diz muito nas entrelinhas.

    beijinhos com carinho
    Sonhadora

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  3. Bom dia

    Do discurso em Alegria Incompleta, Vega, 1988

    O ministro falou desmedido
    desmentido para os órgãos:

    - a situação é contusa mas
    será resolvida sem dramas.

    o quê ? é gralha de impressão?

    ah

    e cem gramas chegam?

    Beijinho
    João

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  4. Curioso, era O Louco, ''adoptado'' do Rei que dizia todas as tolices e no entanto falava todas as verdades. Tudo nele principia e acaba, e é nas suas tolices que os homens encontram as suas próprias verdades e até o próprio caminho!!

    Isto é que é levar com a pá na cabeça!!

    Um beijoooo

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