quinta-feira, 9 de abril de 2020

Fruto Maduro


O tempo poderá vir
Cavar os seus sulcos
Na minha fronte

Soprar aos quatro cantos
Do que sou
Todo o furor do mundo

As mil chuvas
Da vida poderão
Escolher-me por alvo

Mas que importa
O que o tempo gravará
Na minha pele, à sua passagem

Com um dedo apaziguante
Saberei acariciar as feridas
Como uma Mãe acaricia os cabelos de um filho

O Silêncio
Em grande Mestre sábio
Me cantará canções de Ninar
Do alto da sua voz dócil

O meu coração
Se despojará então
De todos os pesos inúteis

E quando chegará o dia
Onde o meu tempo cairá por terra
Como um fruto maduro

A morte me encontrará então
No subtil equilíbrio
De uma existência tranquila.

(Carmen Cupido)
(Tradução/Adaptação do poema "Fruit Mûr"
 in Le Silence est un mot comme un autre)

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