Porquê insistes, amor ausente
Em bater-me no peito
Com o movimento rítmico
Das ondas do mar a quebrar
Nesta praia vazia que me sou
Porquê se te me insinuas
Como a papoila acarminada
Aos olhos de quem passa
Em dança frenética e ondulada
Entre as espigas douradas
Os teus olhos cor de pinheiral
Aferram-se, altivos e acirrados
À minha alma intranquila e nem sequer dobram
Sob o vento que ferozmente sopra
Na minha boca repousa
Um eco estridente da tua voz longínqua
De pássaro emigrado para longe; longe das minhas horas invernais
E deixaste-me assim, rosa adormecida
Nos mais remotos confins do teu jardim
Sob um gélido rocio, esquecida
Orvalho feito de todas as lágrimas que chorei
à tua partida.
(Carmen Cupido)
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