domingo, 5 de setembro de 2021

Entre o céu e o ninho



Com ar de cansado
Entra o sentimento
De peito dorido
Pelo desfiladeiro do lamento
A dentro...

O vento uivante
Dispersa seu grito dolente
Aos quatro cantos
Da dor estridente
De te saber ausente...

Tu,
O abscôndito
Em lugar ábdito
Vestido do hábito 
De pessoa indiferente
Teu peito de gelo
A esquivar-se de mim
Inclemente
Sempre...

Até que
Meu amor por ti, outrora ardente
Já por terra
Álgido - padecente
Desaprendeu a próprio custo
O som da tua voz
Os traços do teu rosto
E até o teu nome
E de ti, agora
Só me resta a fome
E os meus lábios inconsoláveis
Que nunca viram chegar a hora
De beber da tua boca
O néctar do amor
A poção curandeira
Capaz de transformar
Mundos assombrosos
Em auroras rutilantes
Dias luminosos
Onde as únicas penas
São as dos pássaros
Que o meu e o teu olhar
(Desde pontos cardinais tão diferentes)
Veem viravoltear
Nas alturas...

Sabes, amar...
Seguir o rumor do coração
Não é e nem nunca foi prisão
Os pássaros, eles
Já aprenderam a lição
Que o amor se situa a meio caminho
Entre o céu e o ninho!

(Carmen Cupido)


 

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