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terça-feira, 9 de agosto de 2022

Papoila Louca em Bailado Imprudente


Este é um amor em desamor
Tão presente na dor
De tanto querer quem mal me quer...

Amor quieto de sentimento profundo
A verter solidão no meu mundo

Clamor ferido que se agita
Grito estridente que ressuscita
Amor perfeito que nunca foi

Musa magoada cantando lamentos
Elevando aos céus o eco dos meus tormentos

Vazio encorpado de um alguém ausente
Mas sempre, sempre, premente
E eu, papoila louca em bailado imprudente

Fantasma que me fervilha nas veias
E quase com gozo, com toda a calma
Me assalta incessantemente a alma

Impiedoso, a sua fúria urgente
Queima, de tão incandescente

E eu, aferrada ao sonho, como outrora
Sigo nua, ingénua e acolhedora
Entre os raios ténues de cada aurora

E ele, que se importa? Se quando abre a porta
Me lança um desdém lancinante
Que amolado corta
O silêncio sufocante

Rugido sibilante de água dura
Que de tanto bater, fura
O meu coração ferido

E eu, a leda, a desamada, a sentir-me desacreditada
Quando enfim os seus olhos se pousam sobre mim, prolongados
Como se fossem lábios a beijar-me, entregados.

(Carmen Cupido)



 

domingo, 27 de junho de 2021

Só a tua voz, Amor


Só a tua voz, Amor
Pinta estrelas no alto do céu da minha alma reclusa
Da escuridão e do silêncio que a vida me dá para comer
Como se fosse o meu pão de cada dia.

Só a tua voz, Amor
Aflora o meu corpo dolorido como se um unguento fosse
Feito de pétalas brancas que, com sua carícia suave,
Desperta leve, levemente, a minha pele adormecida.

Só a tua voz, Amor
Inunda o meu peito com o chilreio exultante
De pássaros mil que se aninham nas entranhas
Dos tantos poemas que eu te escrevo.

Só a tua voz, Amor
É água clara que me lava as mágoas
Quando os meus olhos caiem no mar surreal
Que tu tens no fundo dos teus.

Só a tua voz, Amor
Semeia versos nas pradarias ensolaradas do papel
Como papoilas cor de carmim
A ondular, altivas, no horizonte.

Só a tua voz, Amor
Se faz mãos a pousar sobre as minhas
Como a abelha melífera sobre a flor
Nas madrugadas de Primavera.

Só a tua voz, Amor
Declama cânticos fecundos e melodias antigas
Que me abraçam e me acalentam de amor e ternura
E espantam, por um segundo que seja,
Esta gélida e voraz solidão que me entorpece e me devora.

Amo a tua voz, Amor
Sempre; sempre e mais ainda na distância
Quando o seu eco, a desafiar o furor dos ventos
Me toma de assalto com os seus intérminos sussurros de saudade.


(Carmen Cupido)