Chove.
Há uma nuvem escondida
Mágoa antiga, cinzenta - encardida
A verter no meu peito.
Sinto que os meus olhos molhados
Acenam à tua ausência, túmido - demorados
Com a mão acirrada da Saudade.
Tanto, que se paro e escuto por um momento
Brada a tua voz no lânguido brado do vento
E o meu coração já apertado, freme, desassossegado.
Como tu não chegas, Amor
Vou desfolhando a desdita ferida
E o teu nome adormece na minha alma dolorida.
Sei que se penso em ti, logo existes
E logo existo, mas não mais avisto
O sonho em que nos vi.
Chove.
E só a chuva vem bater à janela
Para saber de mim no desfiar das horas
Diz-me Amor, porque tanto te demoras?
(Carmen Cupido)
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