Em cada poema meu, Amor
Te faço o fruto maduro
Do meu longo e sofrido conjuro
Talvez oração, talvez ilusão
Caída da minha boca tremente
Na hora em que a garganta consente
Que, por um segundo que seja
A palavra portentosa
(Tal num opus de um violino a uma rosa)
Entoe tudo o que não pode ser dito
Arrancado a ferros ao silêncio infinito
Infinitamente maldito
Que nos separa...
E eu, poetisa pobre e tão despida
Pela dor de tanto desamor carpida
Desfolho no verso que te declama
O quanto a minha alma te quer e te ama...
E se tu, do alto do torpor em que te encerraste
Tal bandeira em alta haste
Despiedadamente alheio ao chão
Não vês que o meu coração
Se tolhe e se agrisalha
Então, Amor, não há poesia que valha!
(Carmen Cupido)
Sem comentários:
Enviar um comentário