Naquela tarde primavera,
O meu coração era
Uma tormenta viva e turva
Um ulo pavoroso
Carregado de trevas
Prestes a implodir
A minha boca calada
Engolia a palavra desolada
Garganta abaixo
Lá fora, a primavera floria
Indiferente à minha agonia
Cá dentro, o céu era alvacento
E o meu sonho enegrecia
Todos os meus sentidos
Esporeavam num tumulto medonho
O meu mundo desfalecia
E no meu ventre irrompia
Uma dor lancinante que desconhecia
Ela, a que eu tanto, tanto amava
Ao mais além rumava,
Naquela tarde de primavera
A sua alma era um corcel indomável
Ansiando romper as rédeas
Que furiosamente o retinham
Ela, a que me deu a vida, se morria
Levando a primavera como rosa ao peito
A Terra chuva gélida chorava
E eu, aterrada, chorava também
Porque ela ia e eu ficava; porque ela ia e eu ficava!
(Carmen Cupido)
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