segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Num Sopro de Criança


Num sopro

Assopra a criança

A esperança

Que o sol se retarde

Naquele fim de tarde

Em que no seu alarde

Se despede o verão

Altivamente montado

Na garupa de um dente-de-leão

 

À declinação ele ruma

E agora que chegou a outonal bruma

para embaciar a madrugada

Ele é apenas um fino filamento

Engolindo o ressentimento

De não mais ser flava flor

A iluminar com seu esplendor

A fulgente alvorada

 

Sobe ao colo do vento

Rumo ao convento

Das estações findadas

Vai num sopro de criança

Afincado à esperança

De poder regressar

Da vagarosa vereda

Movimento terrestre

Pelo reino celeste!


(Carmen Cupido)

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