Porque lá fora,
O ciclo da vida
É um intérmino mistério
Onde nada é perene
Nesta história de um mundo
Que gira obstinadamente
Eis-nos, vitoriosamente
Às portas de uma nova primavera
Por onde vagueia e se exaspera
O inóspito inverno que com sono
Se adormenta, enfim, sobre o húmus do outono
Na atónita invernia
Há uma neblina dissolvida
Onde as gotas rociadas
São, afinal, fadas disfarçadas
A espargir magia
A derramar vida
E, ó espanto; ó encanto!
Logo, logo
Campânulas apressadas
Se elevam do solo rasgado
Rumando ao alto, de caule esticado
E eu, de olho encharcado
Coração em arritmia
Respiração acurtada
Alio-me, extasiada
A esta deleitosa euritmia!
(Carmen Cupido)