Inspiro e inspira-me
O outono grávido de remanso
A dar à vida o seu cíclico descanso
Lá no alto, as Andorinhas
Já na sua dança de Adeus
No palco dos céus
Sentem que chegou a hora
De baixar as cortinas às tardes
Longas e quentes
E o verão vai-se então
Por caminhos vestidos de veludos coloridos
E as árvores, ai Deus, as árvores
São agora um Mar
Um motim de cores
Ao assalto dos meus olhos
Este novo dia traz entre dedos
As inclementes aragens
De um vento carregado
Que nos arrasta, bravio
Até as portas do frio
Onde a noite se agasalha
Estendendo as mãos e a alma
Ao calor da fornalha
Porém, a esperança
De flores, de verdes e de quentura
Adormece serena na certeza pura
Que depois do inverno
Vem um Sempiterno
Recomeço.
(Carmen Cupido)
Sem comentários:
Enviar um comentário