terça-feira, 1 de setembro de 2020

Coração de Leão



Há sempre
Uma força tranquila
No coração do Leão
Que cada dia
Brada aos céus
Rugidos feros
Ora de alento
Ora de luta
Ora de advertência
a cavar, ao perigo, a distância
Suas poderosas garras
Sempre prontas a cravar
A carne do mundo
E lamber o sangue ardente
Que brota da ferida
De viver com o peito aberto
Frente à avidez dos abutres
Que se aninham 
Nos ramais mais altos
Dos sentimentos vis
Que tronam nos tórax alheios

Às vezes,
Porém,
Perde o seu vigor
Ou então não o encontra
No mais além de tanta dor
Desesperança tanta
E, nessa exata hora
Parece-lhe sentir-se
Diminuta mariposa
A acoitar-se, rendida
Entre as pétalas
Da mais sedosa
Flor da selva
Que alcança.

(Carmen Cupido)

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