quarta-feira, 14 de julho de 2010

Ao voltar da esquina


(Foto de ?)

Jamais vergar sob o peso das palavras
Ditas ou não ditas, deixar-se de fitas
Calou-se o canto ao amor?
E agora? Aclama-se a dor?
Parem os lamentos, por favor!

Toca a levantar, ficar de pé ainda que oca
Nestes ingratos momentos da vida
Em que só os escombros têm boca
Há que reter o sangue no seio da ferida
Com mãos, com panos, com punhos, com tudo
Acordar a alma, desarmar o escudo

Digna, nobre, erecta.
Fazer das tripas coração
Abrir os olhos, deitar fora a inútil oração
Colar os sapatos à linha recta
Que te leva, sem mesmo saber para onde
Não perguntes, o caminho nada esconde

Dentro do caminho só mais caminho
Nunca ouviste dizer que caminhar é viver
Não temas, quebra as algemas,
Empurra o ovo do conformismo do ninho
Que te prende, que te enjaula o ser

Vai, voa,
Segue a tua sina
Ao voltar da esquina
Já a voz do mundo ecoa
A chamar por ti!

(Carmen Cupido)

4 comentários:

  1. Caminante, son tus huellas
    el camino y nada más;
    Caminante, no hay camino,
    se hace camino al andar.
    Al andar se hace el camino,
    y al volver la vista atrás
    se ve la senda que nunca
    se ha de volver a pisar.
    Caminante no hay camino
    sino estelas en la mar.

    De um conhecido texto de António Machado, com um beijinho para o SEU caminho.
    João

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  2. Minha querida
    Um belo momento de boa poesia, adorei.
    tinha saudades de te ler.

    Beijinhos
    Sonhadora

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  3. São sempre refrescantes

    estes poemas de incitamento à vida!


    Bjs

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  4. Ora viva!

    Para frente é o caminho, já diz o povo. Gostei do "colar os pés à linha recta".
    Muito bom, Cara Carmen.

    Um abraço...
    shakermaker

    http://shakermaker.blogs.sapo.pt

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