quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Rosa Púrpura


 


Rosa
Antes de tempo, tolhida
Em tormenta profunda sofrida
Declinou a suavidade
Das pétalas da vida
Espetando os dedos
Sem credos nem medos
Nos espinhos letais
Elegendo assim
O fado ou a sorte
de respirar a agridoce
Fragância da morte
Num canto precoce
Face aos tantos desencantos
Dos seus sonhos empalecidos

Sua alma empurpurecida
Perdeu de vista
A terra prometida
De onde tanto esperou
O leite e o mel
E afinal só o fel
Lhe inundou o peito
No insuspeito despeito 
Da dor de viver monstruosa
Que lentamente, impiedosamente
Dizimou a primorosa
Rosa.

(Carmen Cupido)