domingo, 16 de maio de 2021

O Rugido da Papoila



Não me quero mero adorno de vaso

Ou ornamento delicado em cerceado jardim

Quero ser tudo o que sou e o que sei de mim

Liberdade do Eu em contínuo extravaso

 

Não me quero rosa bela e aveludada

Quero-me antes papoila livre e arrojada

Cor escarlate ao vento ondulante

A inflamar o horizonte com o rugido gritante

De uma Leoa feroz quando instigada

 

Papoila bravia que não se deixa cativar

Ser que não nasceu para se deixar murar

Ornato fútil num qualquer vaso ou jardim

Quero ser tudo o que sou e o que sei de mim!

 

(Carmen Cupido)


 

domingo, 2 de maio de 2021

Vida...



Vida…

 

Louca, pulsa na veia

Centelha que encandeia

O negro vazio da inexistência

Insuflando-lhe essência

 

As primeiras rajadas de ar respiradas

Irrompem então no meu peito

Fazendo de mim um leito

De promessas inspiradas

 

Logo em mim latem

Possibilidades infinitas

Que à minha porta batem

Com mil histórias inauditas

 

Abri de leve e por um momento

Meu inteiro ser entrevira

Entre duas braçadas de vento

O delicioso sol de Primavera

 

Haverá, pois, muito sol e haverá flores

Haverá sonhos e amores

Muitos risos e abraços

Cores e muitos laços

 

Mas, mais além

Os longos invernos

Os escaldantes infernos

Os dias em que chorarei

Os dias em que sangrarei

Estarão lá, também

 

Serei, tantas vezes, um passarinho triste

Uma Alma cansada que desiste

Em vez de néctar, serei fel

Nos dias amargos, sem mel

 

Mas tudo isso é a vida

Ora murcha, ora florida

Os espinhos pertencem à rosa

Ora bela, ora dolorosa!

 

(Carmen Cupido)