terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Fulgor



Está na hora
Que o floco de neve
Se faça flor
Desperte o fulgor
Elevando seu caule
Ao alto esplendor
Do sol de Primavera
Que vibrem com clamor
Os versos de amor
A vida e todos os verdes
Nas suas luminescências variadas
Que venham as papoilas soltar
Os prados do seu gélido pranto
E que o excelso canto
Dos pássaros regressados
Entoem nos céus
Onde, antes, só soavam
Os clarins desacordados
Dos dias sórdido-desalumiados
Do velho agre
Ogro averno
Inverno!

(Carmen Cupido)

 

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Rosa Machucada


Obrigada, Amor

Por seres para mim

Esta pura eutimia

Um opus de Chopin

Na sua mais bela

lânguida melodia

Alma Maior

Feita de

Honrosa dignidade

A verter sobre mim

Sua paciente, magnificente 

Abnegada bondade

Em forma de rocio dulçor

Guardião lacrimal

A fazer abstração 

Do peso da dor

E me envolve

No minuto hibernal

Onde a rosa machucada

No meu peito, prostrada

Teme tanto aflorar

À face da primavera

Que há tanto,

Tanto tempo

Me espera!

 

(Carmen Cupido)


 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Amor Maior

 


E, hoje,
Subitamente,
Surge o teu rosto
Dentre uma nébula antiga
De feridas escondidas

De par em par
Se abre a saudade
E, num bater de penas,
Os teus olhos risonhos
Vêm pousar sobre mim
Com a levez airosa
Do amor maior 
Que se tem

Mãe, 
Tal como na infância,
Vejo o sol a brincar
Com a tua pele trigueira
E a fazer cintilar
Teus brincos de cereja

No ar,
Sinto o frescor 
Dos teus cravos
A querer enganar 
Meus sentidos

E, subitamente,
Bate aquela vontade
De voltar 
Ao ninho, ao lar
 Que eu te aperte
E que me apertes, 
Só mais uma vez
No teu regaço
E na impossibilidade
De tal abraço
Uma lágrima sentida
Rola ferida 
Pela minha alma 
Abaixo...

(Carmen Cupido)



sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Ode para almas cansadas


Com uma luz ténue
Se me declina o ser
Morosamente
Apagando-me vou
Caindo numa dor
Que nem sei de onde vem
Preciso de algo, de alguém
E, ao mesmo de tempo, 
De nada e de ninguém...

Mil tormentos
Rodam sobre mim
São como ventos a ganir
Num ulo doentio
E nada nem ninguém
Lhe corta o pio...

Gira no ar
Uma aragem 
álgido-transluzente
E a minha alma cansada
Vê-se rosa orvalhada
Em noites 
Onde a geada 
Enregela a terra 
Que me quer derrubada...

Porém,
Dentre as neblinas do inverno
Entreouço ainda o astro sempiterno
A quebrar o gelo doloroso
Com seu chamamento caloroso...

Pela mão
Me vem buscar
Grávido da esperança
Que me quer sarar
E eu, por fim
Serena como o mar
Num fim de tarde
Onde o sol 
O vem beijar!

(Carmen Cupido)