sábado, 9 de outubro de 2010

Espargata existencial

 

Pergunto: Possuo certezas; ou são as certezas que me possuem? 
Será que chegou o momento de aprender a perder pé? 
Atirar as certezas da vida para trás das costas 
Aceitar nem sempre encontrar respostas 
Deixar de viver 
Só em caminhos traçados 
Sem desgostos, sem dúvidas, sem surpresas, bem delineados
Deixar-me contagiar por um grão de loucura 
Pendurar-me de pernas para o ar 
No pedaço de céu que vou conquistar 
Quando abater os muros, e desabar 
O tecto desta casa exígua que me sou... 
Ser a outra; Ser vampiro 
E morder a exclamação, ferrar o suspiro 
Que os meus olhos vão arrancar à minha boca 
Quando me virem fazer o pino face ao meu novo infinito 
E que interessa se estou às avessas 
Se só assim o mundo reverso Do seu avesso me vê às direitas... 
Sim, sim... 
Vou quebrar os limites que viraram teias 
Fazendo a grande limpeza ao Ser por dentro 
Se quero estar pronta para a espargata existencial, 
É melhor começar já a aquecer os músculos do Eu

(Carmen Cupido)

2 comentários:

  1. Minha querida
    Deixando o meu carinho e um beijinho.

    Sonhadora

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  2. Uma passagem de Mar de Pão:
    "Chico não partilhava este sentimento. A sua ideia era mais difusa. É claro que aquela casa, a sua casa, lhe trazia boas recordações, lhe dava até uma certa paz de espírito. Mas não se prendia a pormenores, a coisas do passado, salvo os bons momentos ali vividos com a sua companheira, a noite do escarapão, a promessa feita de rebocar a abóbada e não cumprida e pouco mais. Nunca teve colecções, jamais se prendeu a fusos ou arestas. Também nunca foi homem de certezas e muito menos de certezas absolutas, coisa para alguns políticos e juristas, que as invocam sobre o mais falível, o mais incerto e o mais efémero."

    Beijinho
    João

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