quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Afinal


(Foto de Graça Loureiro olhares.com)

Asfixia-se o meu suspiro
No ar teu que não respiro
E para travar a morte
Atiro à sorte
Tiro sobre tiro sobre tiro
Porém, nunca acerto
Nem de longe, nem de perto
Nem de longe, nem de perto

És ao meu dedo
Caracol sedoso sempre a escorregar
Um anel que sem garra, não se agarra
Talvez com medo, ao dedo
De quem tanto, no entanto
Te quer amar, amar tanto

Falta ao meu dia
O teu riso sonoro, a tua alegria
Sal de vida que se me vai errante
Em que cada grão de silêncio lacrimante
Que te chora ausente
Omnipresente, omnipresente

Na memória dos meus olhos
Já se arrancam os folhos
Da tua lembrança,
Desespero, desesperança
De quem perde o alento
A lutar nos remoínhos do vento

Os teus braços, que não estão
Me dão um abraço, que não dão
E por um instante, a sensação
Ilude o coração para o mais além da razão
Onde os meus sentidos vão
Beliscar a carne em vão
Para ver se estás, se existes ou não

Mas tu és sonho afinal
Medonho afinal
Irreal afinal,
És pesadelo gigante quando o dia vem
O membro fantasma que não se tem
Mas que dói, rói, mói...

(Carmen Cupido)

2 comentários:

  1. Minha querida

    Lindo o teu poema, como sempre...adoro ler-te.

    Beijinhos com carinho
    Sonhadora

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  2. Simplesmente magnífico!
    Um beijo,

    Catia M.

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