quarta-feira, 26 de outubro de 2011

De bruços sobre o dia

















Ninavam no berço do horror
Todos os silêncios que nos davas a comer
Óvulos violência que fecundavas com o terror
Que, na noite amarrava o sol, para não nascer

Nos cantos da casa, tudo rezava
A Mãe, os filhos, o sal e até o vento
Mas Deus não chegava e nada acelerava
O tempo que se arrastava, de tão lento...

Os gritos eram ecos quebrados
Contra os quatro muros
Mal saídos da boca, eram logo abafados
Nos teus nevoeiros escuros

O amor que não davas
Era pão com bolor
Que engolíamos por temor
Aos regos que cavavas
De cinto em punho

Mas na veia algo havia
Que nos falava, nos dizia
Que amanhã, de bruços sobre o dia
O sol teimoso, nasceria

E nasceu...
Cuspiste tanta ira e de nada te valeu!

(Carmen Cupido)

3 comentários:

  1. realmente...gostei...acertast e mais uma vez conseguist entranhar t no meu gostar...lol...
    katja

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  2. Já tinha saudades!... Ler-te é cada vez mais um doce fascinio!...


    Beijos...
    AL

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  3. merece um outro livro. o talento e vocação é tremendo!!!

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