segunda-feira, 19 de abril de 2010

Avonde


(Foto de Maria Mcginley Photography)

Deixo-te crer
Que me possuis aos punhados...

Toada que entoo
Carme que de cor recito
Para enganar tolos!

Pensas que te pertenço
Mas o verso é inverso

Acerta a hora, ó crédulo
Remonta o pêndulo
Ouve alto, o que baixo penso

Avonde de vida
Bíbulo de morte
Sou Terra
E tu és quem?
Ninguém! Ninguém!

És carne da minha recolta
Que vai, mas o tempo é curto e logo volta
Nem que grites, esperneies de revolta

E com a saliva
Já a babar um Pai nosso
Te roerei osso a osso...

(Carmen Cupido)

4 comentários:

  1. Minha querida
    Belissimo poema...sentido e palavra muito bem sincronizada.

    deixo um beijinho

    Sonhadora

    ResponderEliminar
  2. Avonde (abundante, bastante) é um vocábulo tipicamente alentejano ou pelo menos só no alentejo é que se emprega, sabia?

    Beijinho
    João

    ResponderEliminar
  3. Que FORÇA tem o seu poema Carmen!!!

    Gosto muito de a ler!

    Bjs do lado de cá dos Alpes

    ResponderEliminar
  4. Carmen,

    Gélida a mão
    que outrora retiveste,
    letras a denotar despojos
    na voz que magoa
    (ainda)
    uma áspera harmonia...

    Beijo
    AL

    ResponderEliminar