terça-feira, 27 de abril de 2010

Diabo sem nome


(Foto de Paulo Madeira olhares.com)

Por detrás da porta fechada
Uma sombra pesava
E o terror era a poeira
Que ao soprar levantava
Uma nuvem negra que ria e troçava
E os seus pés de ferro
Faziam de mim o solo
Onde dançava

Era espectro ou fantasma;
Ou diabo sem nome
Punha na mesa a Ira
E depois ordenava: Come!

E eu apertava os dentes
E a boca encerrava
A minha fome era outra
A do pássaro que voava

Choviam mil punhos
Com lâminas de espada
A ferir a minha estrada

E os punhos eram cunhos
A empurrar-me contra o muro
E contra o muro voltados
Meus olhos revoltados,
Perdiam de vista
O futuro...

E eu retinha os sonhos
De unhas afincadas nos fios
E meus olhos eram rios
Leitos a desbordar, medonhos
Dos venenos que ele me dava

E eu vomitava; E eu vomitava...

(Carmen Cupido)

3 comentários:

  1. Dos olhos revoltados
    De unhas fincadas nos fios
    Não engula esse veneno!
    Vomite-o, vomite-o!

    Maldito diabo sem nome!

    E do pássaro que voava caiu uma pena de esperança...flutua no leito do rio tranquilo onde nasce o poema...

    Parabéns!
    Carmen, que dizer sem me repetir?

    Bjs dos Alpes

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  2. Bem aparecida, Carmen

    O Diabo

    A coice de pulga ser posto de lado,
    é o diabo, é o diabo. E, ao fim e ao cabo,
    morder a língua e morrer envenenado,
    isso é que é o diabo, isso é que é o diabo…


    Beijinho
    João

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  3. como se fora imposição de um manjar, a cujo gosto azedou, abraço

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