Com uma luz ténue
Se me declina o ser
Morosamente
Apagando-me vou
Caindo numa dor
Que nem sei de onde vem
Preciso de algo, de alguém
E, ao mesmo de tempo,
De nada e de ninguém...
Mil tormentos
Rodam sobre mim
São como ventos a ganir
Num ulo doentio
E nada nem ninguém
Lhe corta o pio...
Gira no ar
Uma aragem
álgido-transluzente
E a minha alma cansada
Vê-se rosa orvalhada
Em noites
Onde a geada
Enregela a terra
Que me quer derrubada...
Porém,
Dentre as neblinas do inverno
Entreouço ainda o astro sempiterno
A quebrar o gelo doloroso
Com seu chamamento caloroso...
Pela mão
Me vem buscar
Grávido da esperança
Que me quer sarar
E eu, por fim
Serena como o mar
Num fim de tarde
Onde o sol
O vem beijar!
(Carmen Cupido)
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