Carmen Cupido
Um diminuto berço me recolhe onde a palavra se elide na matéria, na metáfora, necessária, e leve, a cada um onde se ecoa e resvala (Luiza Neto Jorge)
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Safira líquida
Silêncio...
Tudo é paz
Na crisálida do segredo
Calo, não digo nada
Ainda é cedo
Para acordar a rosa no ventre
Se falar, tenho medo
Que a palavra prematura
Cave na terra a tumba
Antes da hora...
Silêncio,
Só a safira líquida
Que me sai da alma
Rompe o vento...
Num breve bater de asas!
(Carmen Cupido)
domingo, 21 de novembro de 2010
Estrondo
(Gota sobre dedo Foto de David Dominguez www.flickriver.com)
Estrondo,
Entranhas a implodir
Cavam em mim um poço fundo
O sentir estilhaçado
Disfarça as águas vivas
Na curva do silêncio
Moribunda,
A palavra órfã
Afunda a dor vã
A lua chora
Pérolas nos meus olhos
E depois da vírgula, ora
Para que um dedo teu venha, e as recolha!
(Carmen Cupido)
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Se o mundo fosse um campo de milho
À rajada
Raiar um trilho
Entre espigas de milho
E logo ali, no chão
Matar a fome
Trincar o pão
Come
Tremebundo
O mundo
Esfomeado de tudo
Até de inocência...
Essa incerta ciência
Que nos quer fazer acreditar
Que é Deus que nos põe o pão na mesa!
(Carmen Cupido)
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Foz de mel
Estica o caule, a flor
Para alcançar mais alto, parecer maior
Estico eu o dedo
Para acordar o sangue, abafar o medo
Na hora de tocar, ao de leve
A palavra breve
Que a tua boca solta
E que eu, ávida, espero na volta
Já com os meus lábios prontos, postos
Na tua foz de mel...
(Carmen Cupido)
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Poesia em sangue
Decaída
Salto quebrado
Unha roída
A palavra dá brado
Brando ao poema
Vagaroso
O verso vai
Verde na veia
E na garganta
Só o silêncio se ateia
Morre a poesia
Sem encontrar cura
E nas artérias da Poetisa
Já nem a dor madura
Só a morte grita no sangue!
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