quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Corpus Poema Corpus



Dar Corpus ao poema,
Com o meu corpo inteiro.
Espreitar as entranhas do que sou,
Sem venda nos olhos das palavras.

Parir filhos que nascem sem pedir licença.
Sem perguntar porquê, para quê.
São, existem e ponto.

Big Bang de sarrabiscos
Que se creem sonhos de luz,
A atravessar o túnel uterino da poetisa.
Vão apressados, arrancar mundos
Ao buraco negro da alma.

Pedaços de verdade, que em forma de mentira,
Deslizam sabe-se lá de onde para o bico estreito da Pena.
Murmúrios de amor, talvez desamor, a queimarem
Os dedos de quem toca a pele do corpo do poema.

Pousar o ouvido no peito da saudade
Quando esta maldiz a ausência,
Atirando-lhe mil blasfémias à cara.

Flor de Carme que desabrocha, porque sim.
Suas raízes esburacando por dentro
A carne que toma por terra.

(Carmen Cupido)

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