quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Meia Benção, Meia Praga

















És …

Meia Benção, meia Praga
Meia Carícia, meia Chaga
Coágulos dos meus gritos
Que berram agudos, aflitos...
Ai, que ensurdeço por dentro!

És...

Meio Ferro, meio Veludo
Meio Nada, meio Tudo
A palavra que me é dita
No silêncio que me habita...
Ai, o terremoto nas minhas entranhas!

És...

Meia Sede, meia Fonte
Meio Abismo, meia Ponte
Um pé na distância
E o outro pisoteando a ânsia...
Ai, a hera que me trepa o coração!

És...

Meio Tarde, meio Cedo
Meio Belo, meio Ledo
A noite que se apressa
Na madrugada cheia de pressa...
Ai, e ainda assim, o sol em mim, não desponta!

És...

Meia Prisão, meio Mar vastidão
Meia Dor, meia vermelha Flor
Às vezes ardente, cálida
Às vezes doente, pálida...
Ai, a raíz bebâda de riso e de lágrimas!

És...

Meia Vida, meia Morte
Meio Azar, meia Sorte
E persegue-me o desespero
Porque por não te querer
Ai, Amor! Tanto te quero!

(Carmen Cupido)

3 comentários:

  1. Não meio!
    Mas um grande poema inteiro!

    Bjs do lado de cá dos Alpes

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  2. Minha querida

    O resto é ausência...lindo como sempre o teu poema.

    Deixo um beijinho
    Sonhadora

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  3. a dualidade permanente... sempre habitando o ser.

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