Carmen Cupido
Um diminuto berço me recolhe onde a palavra se elide na matéria, na metáfora, necessária, e leve, a cada um onde se ecoa e resvala (Luiza Neto Jorge)
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Calar é dom
(Desconheço o autor desta bela imagem mas apelo a quem conheça,
porque cada autor merece ver reconhecido o mérito do seu trabalho!)
Às vezes,
Calar é dom
Arrancar pontualmente o som
Que me ensurdece por dentro
Quando me adentro
À procura de mim e não me encontro
Lá no fundo, só um monstro
Me grita e me devora
Reconhecer enfim a hora
De cortar o alimento
Amordaçar o lamento
Matar o glutão à fome
A besta que de mim tudo come
Até as tripas...
Calar,
Dizer não ao falar por falar
Ao palreado fútil cortar o ar
Com os olhos, rir
Sem mastigar, engolir
O mundo pelos sentidos
Verter meus cantos feridos
Em cada pingo de poesia
Seguir com o dedo a palavra escorregadia
Metade mel, metade fel
Que se me vai, que se me cai
Dos poros da alma para o papel!
(Carmen)
Não sei se fui eu que virei as costas à poesia; ou se foi a poesia que me virou as costas. O que eu sei é que, às vezes, a alma precisa de algo mas não sabe bem do quê! Há, na vida, momentos assim; em que a palavra perde a sua essência mal sai da boca e só nos resta calar e escutar o que o silêncio tem para nos dizer! Neste viver sem som, descobri que saber calar não é castigo mas sim um dom! Aprendi que, por vezes, a sabedoria não está nas palavras mas nos espaços mudos que as separam!
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