Cala-se-me o sorriso,
Pouco a pouco, eu sei
Nos lábios dos meus olhos
Que trinco
Para que a boca não chore
Óvulos de lágrimas
Que descem os degraus
Que separam os ovários da poetisa
Do útero que ansia o embrião poema
Vergo,
Um dos meus joelhos já toca terra
Sob o peso que cada dia mais me enterra
Braçado de corpos e vidas que carrego aos ombros
Porque me senti derrear
Com tantos pedaços de outros que trago em cima de mim
Subtraí o meu próprio peso que se fez sombra
Porque sombras não pesam e só se vêem
Quando vem o sol...
Mas já que o sol não vem
(Deserdar os outros de mim não podia!)
Pensei descoser-me do que sou, rebentar-me pelas costuras
E das tripas do amor fazer cordeis de luz
Pendurei os cordeis, juro que nem um guardei
Ao longo da estrada dos que vivem por mim
A vida que eu não vivo; mas os loucos
Nem conta deram que me abandonei lá fora
Para caminhar com eles às costas,
Mas sem ninguém dentro de mim
Cala-se-me o sorriso
Pouco a pouco, eu sei
Nos lábios dos meus olhos...
Doi-me na carne esta dor
De carregar tantas bocas penduradas
Nos mamilos do que me sou
Sugando, sôfregos, toda a luz que eu lhes dou
E eu, deslizando já, sob o véu negro das trevas...
(Carmen Cupido)
Encantada ao ler tanto sentimento.
ResponderEliminarParabéns Carmen!
Bjs dos "nossos" Alpes...
Um poemas repleto de sentires, como costumo de dizer. Parabéns!
ResponderEliminarUm beijo
Chris
Excelente!
ResponderEliminarComeço já o dia...
Com teu verso!
Que me fez pensar!
Um abraço!
Carregamos tanto na vida que por vezes não temos força para carregar sequer o nosso olhar
ResponderEliminarboa noite
Carmen
ResponderEliminarMaravilhoso seu poema, muito sentimento nas suas palavras.
Pendurei os cordeis, juro que nem um guardei
Ao longo da estrada dos que vivem por mim
A vida que eu não vivo
Mas eles nem conta deram que me abandonei lá fora
Para caminhar com eles às costas,
Mas sem ninguém dentro de mim
Como me fala à alma.
Beijinhos
Sonhadora
Carmen,
ResponderEliminarGostei bastante do que li!
Parabéns pelo espaço!
Abraços,
Lou