sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Deste lugar onde, do alto do sono, o sonho alcança a vida


























(Ausente de mim no sono, foto de Carla Salgueiro)

Clarim,
Não chames por mim
É cedo
Não toques a alvorada
Nem com um dedo

Minha alma alada
Cílios ao vento
Foge do tormento
Da madrugada

O sono é ninho, é regaço
E o sonho, papoila ondulante
Moçoila ao braço
Do seu amante

No alto do céu
Estrelas vagarosas
Que na cauda arrastam rosas
Até aos confins do meu peito

Recuso o leito
Da promessa vazia e vã
Da inóspita manhã
Que me dás

Já te disse Clarim,
Não chames por mim
Não esforces a melodia
A acordar cinzentos no ventre do dia

Deixa-me na noite, deixa-me dormir
Chama-lhe sonhar, chama-lhe fugir
Mas não me chames ao corpo,
Ao torpor, à dor
Viva da carne

Eu quero o peito repleto
Sentir-me dona de um céu sem teto
Suster o voo eterno
Afastar o inverno
Deste lugar onde, do alto do sono, o sonho alcança a vida!

(Carmen Cupido)

4 comentários:

  1. Faz bem em se ficar... Cá fora faz um frio de rachar... :)

    Beijinho de bom Natal
    João

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  2. Olá Carmen,
    Nem com um dedo, toco na beleza das palavras, que a dona do céu sustem no voo em direção ao lugar onde o poema ganha vida!

    Bjs do lado de cá dos Alpes, com votos de Boas Festas!

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  3. Minha querida

    Deixando um beijinho com carinho e desejando um bom Natal.

    Sonhadora

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  4. Princesa, posso entrar?
    - É Natal, tempo de acordar.

    Beijinho de Natal

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