quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Nostalgia



Debruçada sobre o dia

Caio na nostalgia

Na vontade de evasão

Que corre delirante

Ao encontro da recordação

Gritante


O sonho que desperto

De um além mais perto

Já antes o sonhei,

De tudo e todos os que deixei

Suspensos na saudade

Que me atiça sem piedade


Aqui, de pé, plantada

Sou como flor silvestre

Pelo vento, levada

Para terra alpestre

Sem me saber tremida

Sem me saber perdida


Tudo me leva ao lugar

Que me deu ao mundo

Um murmúrio no ar

Um batimento profundo

Um desejo que se esvai

No rio que vai

Para onde não sei

Sem deixar rastro do que chorei


É triste para quem se sente

Distante, diminuto, ausente

De tudo o que faz bater o coração

Porque não há suplica ou oração

Que traga de volta a vida que passa


E nem as mais belas montanhosas paisagens

E nem as cores que incendeiam as folhagens

Não há beleza; não há riqueza

Não há nada; nem ninguém

Não há rastilho que ateie o brilho

De uma alma deslustrada

Ao seu berço, por fado, arrancada.


(Carmen Cupido)


 

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