sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Dama dos Cravos


(Liberdade Foto de Nessuno olhares.com)

Era o teu corpo, gigante ferida
Tua, mulher, nas mãos do horror, sofrida
Que ao fender a veia, ia pintar
Cor de sangue a gritar
Os cravos do teu terraço

E ai Deus!
Como eram belos e aprumados
Mulher, os teus cravos
Generosamente regados
Pelas águas que corriam nos dois valados
Fundos, cavados
Pela dor no teu rosto

E com tal beleza
No peitoril da tua casa
Tapavas com destreza
A fealdade dos dias
Em que a vilania assassinava a tua liberdade
E tu morrias,
Pouco a pouco a pouco

Nada parou a morte
De vir desprender, de um só corte
A corda que mantinha a tua asa presa
E tu partiste, minha dama dos cravos,
Voaste com leveza...

Foste com certeza
Fazer enrubescer o mesmíssimo céu!

(Carmen Cupido)

4 comentários:

  1. Muito gracioso o seu poema, e a ilustração é também bastante original.

    Meus cumprimentos
    João

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  2. Parabéns Carmen!
    Bonito poema ainda que sofrido...
    Infelizmente há muitos cravos presos ainda...

    Bjs dos Alpes...

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  3. Belíssima poesia, gostei do vocabulário e da estrutura das frases.
    Grande abraço e sucesso!

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  4. que majestade de palavras!! MAJESTADE!!! isto se mete por dentro e volta a sair e nem mais se sabe onde se está na dança da palavra metida por dentro da palavra em que cada letra tem um coração... dizem que cravos só houve um, mas para mim ele existe desde de sempre... não não foi o nascido da liberdade de 25 abril, não, porque ela nem existe...

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