terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Multidão


(Multidão de Pedro Charters de Azevedo)

Paro.

Desligo o autómato que trepou
Nos últimos grãos de vontade
Que ousaram germinar entre os rasgões
Da minha alma.

Penso.

Reanimo a Anima
O ser embrionário do Eu
Que se enfezou no ir com a corrente.

Elevo-me.

Mais alto do que a massa uniforme
Abandono o trilho da Maria vai com os outros
Respondo ao apelo urgente de não ser igual
Ser diferente.

Que se incendeie esta mata disforme
Onde corpos sonâmbulos, ocos, deambulam
E renascerei, de entre as cinzas e escombros

ÚNICO!

(Carmen Cupido)

6 comentários:

  1. Minha querida
    Um belissimo poema, amei ler.

    Que se incendeie esta mata disforme
    Onde corpos sonâmbulos, ocos, deambulam
    E renascerei, de entre as cinzas e escombros

    Lindo

    Beijinhos
    Sonhadora

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  2. Parabéns Carmen!
    Nota-se a destinção!
    Belo poema!
    Por vezes incompreendida, mas procuro tambem ser um pouco "diferente" num mundo de iguais...
    E logo cada ser é unico!
    ...
    Muito obrigada pelas bonitas palavras que deixa sempre no meu humilde cantinho.
    Nem sabe como estimo, o saber que gosta do que escrevo.

    Bjs dos Alpes do lado de cá...

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  3. Que assim seja, Carmen! ;)

    Obrigada pelas visitas e pelos comentários generosos, minha cara! É sempre um prazer "recebê-la".


    Abraços,
    Lou

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  4. Belíssima poesia, muito rica, muito viajante, muito surreal, deliciosa de ler.
    Grande abraço e sucesso!

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  5. Oi, Carmen!

    Hoje vim conhecer o seu outro blog e fiquei igualmente encantada.

    Já disse que não sei poetizar porém sou intensa apreciadora de poesias.

    Quanto ao seu poema (Multidão) direi sucintamente que o achei de uma beleza asfixiante.

    Beijos,
    Inês

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  6. Renascer ÚNICA e IMPARÁVEL... é essa a urgência do grito... se um icebergue conseguiu desagregar-se de uma parte, então nós podemos também fazê-lo, mas neste caso para o bem...

    e aqui a escrita se faz... igual a si mesma nesses imensos olhos claros que devoram a vida por fora dentro...

    bjú

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